10 abril 2008

O Principezinho

Meus amigos,

Não queria deixar de partilhar com vocês o meu capítulo preferido do meu livro preferido.
Das 1000 vezes que o li, pareceu-me sempre diferente, mais puro e mais enriquecedor.
Precisávamos de mais "principezinhos" neste mundo...





...Julgava-me muito rico por ter uma flor única no mundo e, afinal só tenho uma rosa vulgar...

Foi então que apareceu uma raposa .

- Olá, bom dia! disse a raposa.

- Olá, bom dia! - Respondeu delicadamente o principezinho...

-Anda brincar comigo - pediu o principezinho. Estou tão triste...

- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou...

Andas à procura de galinhas? (diz a raposa)

Não... Ando à procura de amigos. O que é que "cativar" quer dizer?

... Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.

Laços?

Sim, laços - disse a raposa. - ...

Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo e eu serei para ti, única no mundo...

(raposa) Tenho uma vida terrivelmente monótona...

Mas se tu me cativares, a minha vida fica cheia se Sol.

Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? ... não me fazem lembrar de nada. É uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então quando eu estiver cativada por ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti...

- Só conhecemos as coisas que cativamos - disse a raposa. - Os homens, agora já não tem tempo para conhecer nada. Compram as coisas feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não tem amigos. Se queres um amigo, cativa-me!

E o que é preciso fazer? - Perguntou o principezinho.

- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada . A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar mais perto...

Se vieres sempre ás quatro horas, ás três já eu começo a ser feliz...

Foi assim que o principezinho cativou a raposa. E quando chegou a hora da despedida:

- Ai! - exclamou a raposa - Ai que me vou pôr a chorar...

... Então não ganhaste nada com isso!

- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo...

Depois acrescentou:

- Anda vai ver outra vez as rosas. Vais perceber que a tua é única no mundo.

O principezinho lá foi... - vocês não são nada disse-lhes ele. - Não há ninguém preso a vocês... - não se pode morrer por vocês...

... A minha rosa sozinha. vale mais do que vocês todas juntas, porque foi a ela que eu reguei, que eu abriguei... Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até, ás vezes calar-se. Porque ela é a minha rosa.

E então voltou para ao pé da raposa e disse:

- Adeus...

- Adeus - disse a raposa. - vou-te contar o tal segredo. É muito simples:

Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...

Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.

- Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. Mas tu não te deves esquecer dela.

Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa...

Antoine De Saint-Exupery "O Principezinho"

Sejam Felizes!

1 comentário:

Unknown disse...

Ontem já só tive tempo pa comentar o teu post anterior, mas hoje quero comentar este! lol

Nunca tinha lido o Principezinho, até há mais ou menos 1 ano tu me "obrigares" a levar a tua relíquia para casa para ler. No dia seguinte já te estava a devolver, porque absorvi o livro numa hora. Ou melhor, não absorvi um livro, absorvi várias mensagens numa hora. Nessa noite conversamos os dois sobre o livro, e a primeira coisa que me perguntaste foi qual o capítulo que eu mais tinha gostado. E eu respondi precisamente este!!! Lembras-te?!?

Resumindo, a quem nunca leu recomendo que o leia o mais rápido possível. É um livro que faz falta a qualquer um. Quem não souber o que dar a uma criança, ofereça o Principezinho, porque está-se a oferecer mais que um livro. Oferece-se uma lição de humanismo. É uma obra que nos mostra uma profunda mudança de valores, que ensina como nos equivocamos na avaliação das coisas e das pessoas que nos rodeiam e como esses julgamentos nos levam à solidão.

Não deixem morrer a criança que há dentro de vós!!!